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sexta-feira, 24 de julho de 2009

Coragem


Esta história começa como deveriam começar todas as histórias. Os antigos orientais já nos ensinaram...
Era uma vez um homem e uma mulher.
Conheceram-se.
Outrora, conheciam-se em praças, cinemas, bailes de formatura, gafieiras, teatro, pátios da escola, filas de ônibus...
Atualmente, pela internete. Estes se conheceram em salas de bate-papo. Um mundo de teclas, de monitores, de imaginação e de digitação.
O mundo virtual permite codinomes. Há pedregulhos, rabiscos, manuscritos, feiticeiros, bruxas, geminianas, lillas, lollas, archeiros, archoé, fulanos de tal, tua mulher, senhora das águas, thodah feminina, batom vermelho. Há também os codinomes oriundos de romances, de filmes, de personagens: Ana Terra, Maria Moura. Poderíamos elaborar uma relação tão ficcional quanto o mundo dos contos de fadas, das fábulas, das artes.
Os nomes reais, não tão prosaicos, nem tão imaginativos, tornam-se conhecidos após algum tempo e, como sói acontecer, realidade e virtualidade interpenetram-se.
O ser humano surge vivo. Suas dores, alegrias, mágoas, doenças, finanças em queda, finanças em alta, seus medos.
Há um denominador comum entre estes seres humanos: o estar solitário.
Os internautas desta história moravam em estados diferentes. Mantiveram uma relação internáutica repleta de afinidades. A cada dia, estas afinidades se confirmavam.
Ela, mais sonhadora, pensou: é a minha alma gêmea!
Ele, mais realista, pensou: gosto de conhecer pessoas e aqui é um bom espaço.
Ela estava em recuperação de uma cirurgia; ele também.
Ele escritor; ela professora.
Ele enviava seus escritos. Ela analisava e sugeria.
Ela, determinada; ele, acomodado.
Nesta determinação, ela escreveu trabalhos sobre a obra dele. Comparou-o a Beuadelaire, inscreveu seus escritos para serem comunicados em Congressos sobre Literatura. Todos esses Congressos eram realizados no Estado onde ele morava.
E lá foi ela transformar seu sonho em realidade. Saiu do seu Estado, pegou avião e foi lá conhece-lo ao vivo e a cores.
Durante três anos, foram três congressos. Cada congresso durava uma semana. Foram três semanas – uma por ano- de afinidades acentuadas.
Gostei dessa mulher que apostou no mundo virtual.
Gosto de mulheres sem medo, que arriscam, que acreditam no amor possível.
Se deu certo ou não, não importa. Importa a coragem, o expor-se.
Sem saber o final do amor-sonho-afinidade, tenho certeza que, na vida dela, permaneceu e, talvez, ainda permaneça a recordação deste momento da vida que, pela ousadia, ela criou. Ela fez a história.

5 comentários:

líria porto disse...

é o que te digo, janda - consegues de maneira direta e limpa produzir um ótimo texto! e por que não?? coragem não lhe falta!
besos

Anônimo disse...

Obrigada Líria. Vc sabe que qualquer semelhança é mera concidência Besitos

Arquimimo Novaes disse...

Jandira, adorei os apontamentos de ficcionista, são caminhos interessantes para a construção do enredo. Beijo.

Sonia disse...

Menina

Você foi fundo... falou e disse.
Que texto magnífico!
Oxalá, alcance o lado de lá, pois, como se sabe, e como seu texto mostra, nos tempos de hoje, qualquer palavra voa mais que o vento.
Só não verá/lerá aquele que não quiser ou fingir que não quer.
Parabéns pelo texto. AMEI!

Sonia disse...

Menina

Você foi fundo... falou e disse.
Que texto magnífico!
Oxalá, alcance o lado de lá, pois, como se sabe, e como seu texto mostra, nos tempos de hoje, qualquer palavra voa mais que o vento.
Só não verá/lerá aquele que não quiser ou fingir que não quer.
Parabéns pelo texto. AMEI!