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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Miscelâneas e Tonterias da Jandira: Solegria

Miscelâneas e Tonterias da Jandira: Solegria: Sempre teve medo da palavra solidão, talvez, por isso, fantasiava-se de alegria, palavra da qual não tinha medo. Fazia do humor a sua arma p...

Solegria

Sempre teve medo da palavra solidão, talvez, por isso, fantasiava-se de alegria, palavra da qual não tinha medo. Fazia do humor a sua arma para o viver e cercava-se de gente, mas evitava a intimidade do eu que há nas "gentes". Na verdade, negava o seu próprio eu.
Estudou,trabalhou, namorou, casou, pariu. Fez tudo como ditam as regras sociais. Sempre se perguntando o porquê e para quê de tudo isso. A rotina do viver dia-a-dia sempre a conduzia a essas interrogações.
1-Por que estudar? ...?...? Enfim as respostas:para conhecer-se, descobrir caminhos, compreender-se e estabelecer seus parâmetros;
2- Por que trabalhar?...?...? Para descobrir o prazer da independência financeira e concluir que pagar pelo seu próprio pão com manteiga não tem preço;
3- Por que namorar e casar?...?...? Pela procura do amor aprendido nos filmes açucarados de hollywood e/ou nos romances tão igualmente açucarados e, nessa procura, aprender os conceitos de realidade e de ficção. Estabelecendo, vivenciando e contrapondo os conceitos, aprende e compreende que muitas dessas relações mascaram o tal medo da palavra solidão;
4- Por que parir? Sem reticências, sem interrogações. Ser mãe é fato incontestável, não há retorno. Revela-se, para ela, a dependência emocional da condição feminina da Mãe em relação aos filhos.
Depois de estudar, trabalhar, casar mais de uma vez, cercar-se de "gentes", buscar pelo amor romanesco,dançar, rir e chorar, viu-se sozinha.
Novo aprendizado: o de perder o medo da tal solidão. O primeiro passo foi compreender o conceito de solidão. Observa o comportamento das pessoas, analisa seu próprio comportamento e compreende que, apesar do medo e dos vários processos de fuga, sempre foi um ser solitário. Neste momento da sua existência, aprendeu que, apesar de seus feitos e desfeitos, poucas pessoas a conheciam e nem ela se conhecia.
Sempre foi tida como um ser "politicamente incorreto". Declarava abertamente que não gostava de animais, de plantas, de crianças e que ser mãe não era a maravilha que o cristianismo intentava/intenta impor. Os seres vivos geram dependências e cuidados e qualquer dependência física a incomodava. Para a dependência emocional tinha paciência, mas pouca. Reconheceu ser a impaciência a sua constante marca e que era incapaz de sentir compaixão pelo ser humano. Compreender o humano conseguia, compadecer-se não.
Ao reconhecer-se insegura, medrosa e solita, perdeu o temor da solidão que permeia a existência e descobriu a alegria do estar só. Ser só todos nós somos e assim perdeu o medo da palavra solidão e fundiu as duas sensações numa só/solegria.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Miscelâneas e Tonterias da Jandira: Táxi para "idoso" já.

Miscelâneas e Tonterias da Jandira: Táxi para "idoso" já.: Há alguma coisa ilógica no ar. Em verdade vos digo, não entendo bem essa história de idoso, 3ª idade e a tal da melhor idade. Nascemos e mor...

Táxi para "idoso" já.

Há alguma coisa ilógica no ar. Em verdade vos digo, não entendo bem essa história de idoso, 3ª idade e a tal da melhor idade. Nascemos e morremos e ponto final. O governo, com os nossos tributos, paga a passagem de ônibus e metrô para aqueles que tem mais de 65 anos. As prefeituras e o estado pagam às empresas particulares, até aí está tudo certo. Todavia, entrar num metrô cheio e em um ônibus que mal se consegue subir não é benefício nem prêmio pelo reconhecimento pelos tributos que as pessoas com mais de 65 já pagaram, Confesso, também, que não entendo o critério para este número - 65. Pretendo compreender que seja pela a idade mínima para aposentadoria e pelos anos de contribuição previdenciária.
Ora pipocas!!!! Se aos 65 somos "idosos", deveríamos ter direito ao táxi. O governo pagaria 50% e os seres humanos acima de 65 pagariam os outros 50%. Os que não quisessem contribuir com os 50% continuariam espremidos no metrô e/ou sacolejados nos ônibus com o mau humor dos motoristas.
Alguns ainda pensam que isso é um benefício e dizem:" assim que fizer 65 andarei de graça no ônibus e no metrô". De graça?!?! Inativos ainda descontam a contribuição previdenciária. E ademais, depois que inventaram o botox, nem injeção na testa é de graça!!!

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Miscelâneas e Tonterias da Jandira: Não me contem segredos

Miscelâneas e Tonterias da Jandira: Não me contem segredos: Esta crônica que aqui transcrevo foi publicada no jornal O Sul e escrita por Wanderley Soares. A escrita deste jornalista policial é marcad...

Não me contem segredos

Esta crônica que aqui transcrevo foi publicada no jornal O Sul e escrita por Wanderley Soares.
A escrita deste jornalista policial é marcada por uma análise angustiante e profundamente humana do nosso sentir o viver. Aqui em tom poético fala da angústia do ser detentor do segredo. Para ele, o segredo é aventura e dor. Trata-se de um belo texto.



Não me contem segredos.

A aventura de guardar um segredo é dolorosa. Ela, a aventura, é sedutora e esvoaçante. Ele, o segredo, é silencioso e irascível. É o torturador silencioso de seu guardador. Seus planos de fuga não lhe trazem angústia por ser dono da certeza de sua fortaleza. Descansa no fundo de sua cela apenas a observar os nossos movimentos. É um companheiro enganoso, inspirador de histórias tenebrosas, fazedor de intrigas. Quando fala, busca nos convencer de sua pequenez, de que nada acontecerá se abrirmos as portas de seu cubículo livrando-o dos grilhões.

Quem nos busca para acolher um segredo, a nós entrega um pensamento vivo. Ao alojá-lo, acreditamos que o melhor caminho será o de esquecê-lo, pois que o tempo o tornará, pouco a pouco, em cinzas. No entanto, o tempo é exatamente o seu alimento maior. Cresce a cada dia com maior ímpeto e, passo a passo, perturba o sono, ronda encontros, enfia-se numa melodia amiga, faz arder a garganta. Vigiado, torna-se obstinado e incansável vigilante. E tanto mais montamos nossa guarda, mais doentios são os seus ardis em busca de ser livre para nos deixar só.

Aceitar de alguém a guarda de um segredo, de um plano que viola os costumes da vila, que revela um passado temerário ou projeta um futuro que fere as bulas da lei, é permitir a entrada em nossa casa de um espectro que, lentamente, tentará verter pelos nossos poros, dominar nossos passos e mudar a direção de nossos olhos. Tanto mais intenso o seu silêncio, uma ânsia maior teremos por gritar. Tanto menor os seus sussurros, mais tenebrosos serão os ruídos de nossos pensamentos. Quem nos entrega tal prisioneiro, a nós deixará encarcerados.

A experiência que temos com os segredos prisioneiros começa bem cedo, quando não sofremos tanto por termos um estado de energia completo. E, afinal, se o prisioneiro foi por nós criado, temos a sensação de poder dominá-lo. No entanto, com o passar dos anos, acontece de, num encontro ocasional, sermos levados a vasculhar nossos guardados e lá encontrar coisas pequenas e sinistras, desde as paixões e ódios clandestinos até os planos de fuga com o primeiro circo. Mas são segredos nossos que aprendemos a tratar como feras gradeadas.

Não, não me peçam para guardar segredos, pois me basta a guarda dos meus por não confiar nem mesmo nos que se dizem confessores. O segredo alheio andeja em nossas veias como um veneno incapaz de nos tirar a vida, mas que se delicia em nos assombrar como passos de quem não podemos ver, mas que ronda as nossas noites. Não me falem em segredos. Contem-me apenas as coisas que para todos eu possa contar. Basta-me tratar das feras que alimento nos porões da minha alma. Não me contem segredos, pois tenho medo de ser capaz de guardá-los.


domingo, 7 de agosto de 2011

Miscelâneas e Tonterias da Jandira:

Miscelâneas e Tonterias da Jandira:

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: "O mar, o tempo e leituras Algumas vezes ao lermos textos diversos nos deparamos com algumas expressões que nos remetem à reminiscênci..."

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Miscelâneas e Tonterias da Jandira: Insensato Coração a insensatez de quem conseguiu a...: "Parece que o tal coração insensato é personificado pela Norma, personagem vivido pela excelente atriz Glória Pires.Nesta novelinha, contudo,..."

Insensato Coração a insensatez de quem conseguiu acompanhar e reza para terminar

Parece que o tal coração insensato é personificado pela Norma, personagem vivido pela excelente atriz Glória Pires.Nesta novelinha, contudo, excelentes atores e atrizes perderam-se diante de tanta mediocridade, Lázaro Ramos, Camila Pitanga, Antônio Fagundes, Nathália Timberg, Natália do Vale etc todos sem a devida expressão de seus talentos. O casal protagonista - Marina e Pedro - não são mais chatos e inexpressivos por falta de espaço. É tanta insensatez que só os personagens caricatos - Bibi, Douglas e tia Nenê - merecem alguma atenção.
Mas como todo ser humano tem o direito de errar, há que se perdoar esta novela de Gilberto Braga. Afinal, ele já nos presenteou com obras primas ótimas na arte de novelas televisas.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Piedade para os homens ?!?!?!. Será?

É obtusa a referência sobre as diferenças entre homem e mulher. Obtusas também são as expressões:" os homens são assim, as mulheres são assado" ou ainda, " isso é coisa de homem" ou "quem vai entender as mulheres?" Por motivos culturais e biológicos o homem e a mulher percebem a existência do ser, do existir e do viver de formas distintas, essa distinção, porém só enriquece a vida com a finalidade da complementação. Homens e mulheres completam-se. Homens e mulheres são apenas seres humanos que amam, (des)amam, odeiam, (des)odeiam, choram, riem. Não há diferenças nas emoções básicas que norteiam o existir. Assim reflito sobe a crônica do jornalista Wanderley Soares cujo título é" Perdão para a mulher" e foi publicada no jornal O Sul. Segue o texto:

"Perdão para a mulher.

Acompanho as pessoas que passam pela vida com a displicência de quem dança uma valsinha.

A catálise que desencadeia um crime de sangue é um processo que me fascina e, mais do que outros, os casos passionais. Busco observar cada um dos movimentos que envolvem esta implosão humana. Vez por outra sou levado a voltar a este tema sempre com a tentativa de esquivar-me das definições e da linguagem insípida de profissionais que tratam, com frieza e distanciamento técnico, cada caso diferente com os mesmos códigos. Não questiono a visão de peritos, psicólogos, psicanalistas, policiais ou juristas que devassam o relacionamento das pessoas desde a primeira chama ao momento do incêndio final. No entanto, minha visão é a do neófito, sempre tolhido pela emoção.

Acompanho as pessoas que passam pela vida com a displicência de quem dança uma valsinha, preocupadas apenas com seus pares. Há nelas alguma habilidade, coordenação motora, ritmo respiratório, leveza de movimentos. Mas as regras não são complexas nem profundas, pois a valsinha, como o vento leve, é fácil de se acompanhar, de levar e ser levado. E são exatamente essas pessoas, viajantes dóceis na condução ou na obediência de seus pares, que, de um salto, são tomadas pela fúria passional. Raramente, antes da inteira conquista, aparentam ser nascentes da força de onde ascenderá e acenderá a grande e incontrolável erupção.

O oferecimento de emoções mais fortes, inadiáveis e nunca latentes parecem pertencer a um raro tipo de personalidade, cuja simples presença desencadeia reações místicas, quase que inexplicáveis. Percebemos isso na política, nos religiosos, na magistratura, entre militares. Nessas confrarias, os movimentos de um avatar ativam e submetem os senti-dos de seu grupo. Nesses cleros, testemunhamos, são exclusivos os mistérios dos caminhos a serem percorridos e, exatamente por isso, são poucos os que completam todos os percursos. Aqueles que a tudo alcançam nunca chegam ao cimo sem brilho, sem esmagar, insensíveis, aos que se arriscam a enfrentá-los.

Mas o homem medíocre, aquele da valsinha, também movido por indefinível energia, veleja em mares de exceção, mas sem fazer vibrar nenhum dos nossos sentidos ao ponto de desequilibrar até o momento em que se revela na plenitude. Chega a seu destino sempre por caminhos próximos da obscuridade. Sequer projeta sombras que provoquem algum temor. O iluminado arrisca, tem gestos vibrantes e sonoros que arrastam grupos, multidões, sempre na iminência de se desintegrar. No entanto, é aquela criatura que dança a valsinha a que mais surpreende com planos faustianos alimentados por frustrações pequenas, imperceptíveis.

E a mulher? Ah, a mulher! Mesmo ao correr todos os riscos, chego a crer ser ela que, com dolo, ativa esse feixe que incendeia o cérebro e o coração dos homens, pondo em fuga os que tem luz, tornando cativos e indefesos os medíocres. Reina em silêncio sonoro com um toque de mistério oculto no fluxo de seus olhos, por vezes, luminosos e frios, ou no simples gesto de olhar e fingir não ver. É tudo simples. Tão simples que o homem fascinado desgoverna-se sem conseguir definir onde foi atingido. Persigna-se ou agride para destruir pensando em construir. É o sangue passional. Ainda assim, a mulher sempre merecerá o meu perdão, embora ela jamais necessite dele".

Este jornalista, cujos textos acompanho há algum tempo, tem na sua árida área de atuação um estilo próprio. Bom em tecer a prosa poética aliada ao jornalismo policial/criminal.

Os 3 primeiros parágrafos nos induzem à compreensão do comportamento do ser humano- homens e milheres-, aquele que vive ao sabor dos acontecimentos. A partir do 4º, entretanto, instaura-se, sutilmente, uma referência ao gênero masculino e estabelece uma diferença entre os homens medíocres e os iluminados.

No último parágrafo, fica clara a intenção do autor: Os homens e mulheres são diferentes, mas há " dolo" na existência do feminino, isto é, só a mulher age com astúcia, má fé e premeditadamente. Será que, na visão do jornalista Wanderley Soares, é a mulher a causadora dos crimes passionais e que só os homens medíocres são induzidos por ela?

Eu apenas compreendo homens e mulheres seres sujeitos a igual emoção humana, mas aderindo à obtusidade: pergunto será o caso de piedade para os homens que sentem medo de amar e serem traídos? Será o caso de piedade para os homens que, dolosamente, seduzem somente pelo prazer da sedução e jamais se doam por insegurança?

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Chico Buarque tinha e tem razão ao dizer" há dias que a gente se sente com quem partiu ou morreu". Hoje é um destes dias, esquecemos as realizações positivas e só as negativas surgem e aí começa o por quê? O para quê? Nestes dias, é melhor fugir das respostas porque só surgirão os vazios de nossas (ex)tintas esperanças, não há cor que exprima este estado d'alma. É o vazio, o oco e o eco de recomeçar.

domingo, 22 de maio de 2011

Imaginação


Era uma vez uma menina. Poderemos de chamá-la de Sônia, Lígia, Maria, Solange, Tereza, Regina... o nome não importa. Esta menina adorava tangerina, gostava tanto que comia até os caroços da fruta. Os pais, os avós advertiam-na: "Menina, não coma os caroços! Isso faz mal, vai nascer um pé de tangerina na seu estômago".
Bastava essa advertência e ela viajava na imaginação. Quanto mais a repreendiam, mais ela comia o "fruto proibido" -o caroço. Sonhava-se um pé de tangerina. Via as folhas, os galhos, as frutas saindo pelas orelhas, narinas, boca e dedos. O cheiro e o sabor da fruta a conduziam na viagem e pensava: " Só assim não preciso esperar que a comprem". Ia além na viagem: " Não é preciso pegar no pé, eu pego em mim mesma".
A menina tornou-se mulher, ainda sonha, não mais em ser um pé de tangerina, sonha o sonho de poder imaginar um mundo de paz.
Ficou-lhe, contudo, uma lição: proibir e ameaçar são atitudes que levam ao desafio do sonhar. E sonhar e imaginar nós podemos e devemos.

domingo, 8 de maio de 2011

O Príncipe dos ociólogos

O pensamento de fhc analisado por Millôr Fernandes





LIÇÃO PRIMEIRA

De uma coisa ninguém podia me acusar - de ter perdido meu tempo lendo FhC (superlativo de PhD). Achava meu tempo melhor aproveitado lendo o Almanaque da Saúde da Mulher. Mas quando o homem se tornou vosso Presidente, achei que devia ler o Mein Kampf (Minha Luta, em tradução literal) dele, quando lutava bravamente, no Chile, em sua Mercedes ("A mais linda Mercedes azul que vi na minha vida", segundo o companheiro Weffort, na tevê, quando ainda não sabia que ia ser Ministro), e nós ficávamos aqui, numa boa, papeando descontraidamente com a amável rapaziada do Dops-DOI-CODI.



Quando, afinal, arranjei o tal Opus Magno - Dependência e Desenvolvimento na América Latina - tive que dar a mão à palmatória. O livro é muito melhor do que eu esperava. De deixar o imortal Sir Ney morrer de inveja. Sem qualquer partipri, e sem poder supervalorizar a obra, transcrevo um trecho, apanhado no mais absoluto acaso, para que os leitores babem por si:

"É evidente que a explicação técnica das estruturas de dominação, no caso dos países latino-americanos, implica estabelecer conexões que se dão entre os determinantes internos e externos, mas essas vinculações, em que qualquer hipótese, não devem ser entendidas em termos de uma relação "casual-analítica", nem muito menos em termos de uma determinação mecânica e imediata do interno pelo externo. Precisamente o conceito de dependência, que mais adiante será examinado, pretende outorgar significado a uma série de fatos e situações que aparecem conjuntamente em um momento dado e busca-se estabelecer, por seu intermédio, as relações que tornam inteligíveis as situações empíricas em função do modo de conexão entre os componentes estruturais internos e externos. Mas o externo, nessa perspectiva, expressa-se também como um modo particular de relação entre grupos e classes sociais de âmbito das nações subdesenvolvidas. É precisamente por isso que tem validez centrar a análise de dependência em sua manifestação interna, posto que o conceito de dependência utiliza-se como um tipo específico de "causal-significante' - implicações determinadas por um modo de relação historicamente dado e não como conceito meramente "mecânico-causal", que enfatiza a determinação externa, anterior, que posteriormente produziria 'conseqüências internas'."

Concurso - E-mail:

Qualquer leitor que conseguir sintetizar, em duas ou três linhas (210 toques), o que o ociólogo preferido por 9 entre 10 estrelas da ociologia da Sorbonne quis dizer com isso, ganhará um exemplar do outro clássico, já comentado na primeira parte desta obra: Brejal dos Guajas - de José Sarney.



LIÇÃO SEGUNDA

Como sei que todos os leitores ficaram flabbergasted (não sabem o que quer dizer? Dumbfounded, pô!) com a Lição primeira sobre Dependência e Desenvolvimento da América Latina, boto aqui outro trecho - também escolhido absolutamente ao acaso - do Opus Magno de gênio da "profilática hermenêutica consubstancial da infra-estrutura casuística", perdão, pegou-me o estilo. Se não acreditam que o trecho foi escolhido ao acaso, leiam o livro todo. Vão ver o que é bom!



Estrutura e Processo: Determinações Recíprocas

"Para a análise global do desenvolvimento não é suficiente, entretanto, agregar ao conhecimento das condicionantes estruturais a compreensão dos 'fatores sociais', entendidos estes como novas variáveis de tipo estrutural. Para adquirir significação, tal análise requer um duplo esforço de redefinição de perspectivas: por um lado, considerar em sua totalidade as 'condições históricas particulares' - econômicas e sociais - subjacentes aos processos de desenvolvimento no plano nacional e no plano externo; por outro, compreender, nas situações estruturais dadas, os objetivos e interesses que dão sentido, orientam ou animam o conflito entre os grupos e classes e os movimentos sociais que 'põem em marcha' nas sociedades em desenvolvimento. Requer-se, portanto, e isso é fundamental, uma perspectiva que, ao realçar as mencionadas condições concretas - que são de caráter estrutural - e ao destacar os móveis dos movimentos sociais - objetivos, valores, ideologias -, analise aquelas e estes em suas relações e determinações recíprocas. (...) Isso supõe que a análise ultrapasse a abordagem que se pode chamar de enfoque estrutural, reintegrando-a em uma interpretação feita em termos de 'processo histórico' (1). Tal interpretação não significa aceitar o ponto de vista ingênuo, que assinala a importância da seqüência temporal para a explicação científica - origem e desenvolvimento de cada situação social - mas que o devir histórico só se explica por categorias que atribuam significação aos fatos e que, em conseqüência, sejam historicamente referidas.

(1) Ver, especialmente, W. W. Rostow, The Stages of Economic Growth, A Non-Communist Manifest, Cambridge, Cambridge University Press, 1962; Wilbert Moore, Economy and Society, Nova York, Doubleday Co., 1955; Kerr, Dunlop e outros, Industrialism and Industrial Man, Londres, Heinemann, 1962."



Comentário do Millôr, intimidado:

A todo momento, conhecendo nossa precária capacitação para entender o objetivo e desenvolvimento do seu, de qualquer forma, inalcançável saber, o professor FhC faz uma nota de pata de página. Só uma objeçãozinha, professor. Comprei o seu livro para que o senhor me explicasse sociologia. Se não entendo o que diz, em português tão cristalino, como me remete a esses livros todos? Em inglês! Que o senhor não informa onde estão, como encontrar. E outra coisa, professor, paguei uma nota preta pelo seu tratado, sou um estudante pobre, não tenho mais dinheiro. Além do que, confesso com vergonha, não sei inglês. Olha, não vá se ofender, me dá até a impressão, sem qualquer malícia, que o senhor imita um velho amigo meu, padre que servia na Paróquia de Vigário-Geral, no Rio. Sábio, ele achava inútil tentar explicar melhor os altos desígnios de Deus pra plebe ignara do pequeno burgo e ensinava usando parábolas, epístolas, salmos e encíclicas. E me dizia: "Millôr, meu filho, em Roma, eu como os romanos. Sendo vigário em Vigário-Geral, tenho que ensinar com vigarice".



LIÇÃO TERCEIRA

Há vezes, e não são poucas, em que FhC atinge níveis insuperáveis. Vejam, pra terminar esta pequena explanação, este pequeno trecho ainda escolhido ao acaso. Eu sei, eu sei - os defensores de FhC, a máfia de beca, dirão que o acaso está contra ele. Mas leiam:

"É oportuno assinalar aqui que a influência dos livros como o de Talcot Parsons, The Social System, Glencoe, The Free Press, 1951, ou o de Roberto K. Merton, Social Theory and Social Structure, Glencoe, The Free press, 1949, desempenharam um papel decisivo na formulação desse tipo de análise do desenvolvimento. Em outros autores enfatizaram-se mais os aspectos psicossociais da passagem do tradicionalismo para o modernismo, como em Everett Hagen, On the Theory of Social Change, Homewood, Dorsey Press, 1962, e David MacClelland, The Achieving Society, Princeton, Van Nostrand, 1961. Por outro lado, Daniel Lemer, em The Passing of Traditional Society: Modernizing the Middle East, Glencoe, The Free Press, 1958, formulou em termos mais gerais, isto é, não especificamente orientados para o problema do desenvolvimento, o enfoque do tradicionalismo e do modernismo como análise dos processos de mudança social".



Amigos, não é genial? Vou até repetir pra vocês gozarem (no bom sentido) melhor: "formulou (em termos mais gerais, isto é, não especificamente orientados para o problema do desenvolvimento) o enfoque (do tradicionalismo e do modernismo) como análise (dos processos de mudança social)".



Formulou o enfoque como análise!

É demais! É demais! E sei que o vosso sábio governando, nosso FhC, espécie de Sarney barroco-rococó, poderia ir ainda mais longe.

Poderia analisar a fórmula como enfoque.

Ou enfocar a análise como fórmula.

É evidente que só não o fez em respeito à simplicidade de estilo.

Tópico avulso sobre imodéstia e pequenos disparates do eremita preferido dos Mamonas Assassinas.

Vaidade todos vocês têm, não é mesmo? Mas há vaidades doentias, como as das pessoas capazes de acordar às três da manhã para falar dois minutos num programa de tevê visto por exatamente mais ou menos ninguém. Há vaidades patológicas, como as de Madonas e Reis do Roque, só possíveis em sociedades que criaram multidões patológicas.

Mas há vaidades indescritíveis. Vaidade em estado puro, sem retoque nem disfarce, tão vaidade que o vaidoso nem percebe que tem, pois tudo que infla sua vaidade é para ele coisa absolutamente natural. Quem é supremamente vaidoso, se acha sempre supremamente modesto. Esse ser existe materializado em FhC (superlativo de PhD). Um umbigo delirante.

O que me impressiona é que esse homem, que escreve mal - se aquilo é escrever bem o meu poodle é bicicleta - e fala pessimamente - seu falar é absolutamente vazio, as frases se contradizem entre si, quando uma frase não se contradiz nela mesma, é considerado o maior sociólogo brasileiro.

Nunca vi nada que ele fizesse (Dependência e Desenvolvimento na América Latina, livro que o elevou à glória, é apenas um Brejal dos Guajas, mais acadêmico) e dissesse que não fosse tolice primária. "Também tenho um pé na cozinha", "(os brasileiros) são todos caipiras", "(os aposentados) são uns vagabundos", "(o Congresso) precisa de uma assepsia", "Ser rico é muito chato", "Todos os trabalhadores deviam fazer checape", "Não vou transformar isso (a moratória de Itamar) num fato político". "Isso (a violência, chamada de Poder Paralelo) é uma anomia". E por aí vai. Pra não lembrar o vergonhoso passado, quando sentou na cadeira da prefeitura de São Paulo, antes de ser derrotado por Jânio Quadros, segundo ele "um fantasma que não mete mais medo a ninguém".

Eleito prefeito, no dia seguinte Jânio Quadros desinfetou a cadeira com uma bomba de Flit.

E, sempre que aproxima mais o país do abismo no qual, segundo a retórica política, o Brasil vive, esse FhC (superlativo de PhD) corre à televisão e deita a fala do trono, com a convicção de que, mais do que nunca, foi ele, the king of the black sweetmeat made of coconuts (o rei da cocada preta), quem conduziu o Brasil à salvação definitiva e à glória eterna. E que todos querem ouvi-lo mais uma vez no Hosana e na Aleluia. Haja!



Millôr Fernandes

terça-feira, 19 de abril de 2011

Matutações

Matuto-me:
1 - por que a mídia insiste em comparar o que acontece no Brasil com o que acontece nos Estados Unidos? É uma orquestração midiática para baixar a nossa estima.
A máxima agora é que o número de obesos está quase igual;
2 - desde sempre ouvi que a valorização do dólar era nociva à economia e agora, segundo os economistas, a desvalorização é nociva também. Ambas são a causa da inflação;
3 - uma conhecida infartou e morreu sozinha em casa. Nunca fumou , não conviveu com fumantes, não bebia, nunca trabalhou fora e não era obesa. Tinha 68 anos, mas parecia ter 55 anos.Só criou os filhos e cuidou da casa. Era "politicamente correta". A ciência não explica fatos imponderáveis. A mídia também não.

sábado, 16 de abril de 2011

Pelo que entendi o Rio Grande do Sul compra 13 pênis

WANDERLEY SOARES

O caso do treze pênis.

Ouvidoria da Fase, ao confirmar que o material será adquirido, apresentou o seu enfoque sobre o valor didático da negociação.

Terça-feira última, dia 12, solitariamente, aqui da minha torre – o restante da mídia considerou o episódio como normal, natural – que por solicitação da Diretoria Sócio-Educativa da Fase (Fundação de Atendimento Sócio-Educativo do RS) ex-Febem, a Central de Compras do Estado abrira licitação para a compra de treze pênis de borracha para aquela instituição, que tem treze unidades de atendimento. Portanto, cada unidade deverá receber, concluída a compra, um pênis para uso exclusivo, por conta do erário. Não nego que, como um humilde marquês, não raro, caio nas armadilhas da ingenuidade que ainda resta em meu espírito. Por isso, incrédulo, busquei confirmar a insólita negociação. E tal confirmação me foi dada, por telefone, pela cordial assessoria de comunicação da Fase. Em assim sendo, abordei o tema sem entrar nos possíveis detalhes da licitação, que entre outras coisas, deveriam compreender, além do preço, cor, dimensões, peso e flexibilidade do artefato. Tudo isso, longe de contrariar os princípios pedagógicos da Fase, pois não tenho credenciais para isso. No entanto, questionei que nesse projeto não tenham sido integradas treze vaginas que completariam o kit para aulas de educação sexual, sem o que será incompleta a orientação para o chamado sexo seguro. Considere-se também que, como os pênis de borracha ou de outros materiais assemelhados, também há vaginas no mercado.

Ouvidoria
Sobre o que chamo de “Operação pênis estatal” recebi, ontem, e-mail da Ouvidoria da Fase que transcrevo na íntegra: “Wander, a compra de material destina-se a auxiliar os profissionais de saúde nas consultas e atividades de grupos voltadas à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, métodos contraceptivos, ações de higiene, autocuidado, paternidade consciente e gravidez na adolescência. Estas ações em saúde são preconizadas pelas políticas de atendimento voltadas a nossa clientela, sobretudo à prevenção de novos casos de paternidade precoce e gravidez na adolescência.”

Ao agradecer o tratamento carinhoso de Wander, com o qual fui contemplado pela Ouvidoria da Fase, e também ao considerar a riqueza de material didático existente na internet e nas mais modestas bibliotecas do planeta sobre o tema, ferramentas que vão muito além dos pênis de borracha que serão patrocinados pelo erário, deixo para os leitores interpretarem esse episódio, mas sempre questionando a ausência das vaginas.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Uma crônica de Wanderley Soares sobre o papel da mídia na cobertura das tragédias.

WANDERLEY SOARES

A matança e o show.

A tragédia de Realengo pode ser fonte de um bestialógico.

A matança ocorrida numa escola municipal, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, cujas vítimas tinham entre 10 e 14 anos, não pode ser analisada de forma apressada, sob pena de se criar um bestialógico em torno de uma tragédia que seguiu o modelo da cabeça bélica de alguns cidadãos dos EUA. Vale discutir o tema, mas dentro dos padrões que regem a segurança das escolas brasileiras e a própria segurança, em geral, dos cidadãos deste país que vive a transversalidade (palavrão da moda) de eventos como a copa do mundo e de uma olimpíada. Nos bancos, para que o dinheiro esteja protegido, ninguém pode entrar na área dos gerentes portando telefones celulares e chaveiros com muitas chaves. Nas escolas, guardinhas que sequer conseguem deter pichadores chegam a ter maiores temores que o próprio corpo docente (a maioria mulheres) das nossas grandes e pequenas escolas.


Neste espaço tenho abordado esse tema repetidas vezes. O medo é uma constante nas escolas brasileiras. Os professores temem, pela educação que hoje existe (ou não existe) nos lares, temem, repito, as repetidas agressões de pais, alunos e ex-alunos. É brutal que somente uma explosão como a que aconteceu no Rio, ontem, possa acordar o poder público. Evidentemente que escrevo estas linhas movido pela indignação natural de quem está assustado, desde há muito, com as tempestades que, diariamente, desabam em salas de aula, onde os princípios civilizatórios, teoricamente, começam a ser ensinados e praticados.

A mídia eletrônica e o show.

Sabemos que é inevitável a influência da cultura estrangeira sobre nós que, não raro, felizmente, nos enriquece. No entanto, tal influência também nos aprisiona em momentos de mediocridade. Temos no país, o Rio Grande resiste como pode, as vestes dos vaqueiros do velho oeste dos EUA, assim como o ridículo dia das bruxas, entre outras coisas. A cultura da violência também nos é transmitida, pela TV, em doses cavalares. Nunca homeopáticas. E o pior de tudo é que isso nos chega em forma de show mostrado, simultaneamente, para pessoas de todas as idades. Confesso, como um humilde marquês, não conseguir visualizar uma solução para isso. A TV não consegue separar a notícia do show. Ontem, a tragédia de Realengo, na TV, foi notícia e show festejando a chegada aqui do modelito dos heróis traumatizados pelas constantes guerras promovidas e mantidas pelos EUA nos fronts e nas escolas.

quinta-feira, 31 de março de 2011

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Literatura de Cordel e Big Brother













Autor: Antonio Barreto ,
Cordelista natural de Santa Bárbara-BA, residente em Salvador.

Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.

Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.

Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.


Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.

O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.

Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.

Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.

Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.

Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.

Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.

A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.

Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.

Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.

É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.

Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.

A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.

E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.

E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.

E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.

A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.

Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.

Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?

Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…

FIM

Salvador, 16 de janeiro de 2011

sábado, 22 de janeiro de 2011

Miscelâneas e Tonterias da Jandira: Simone de Beauvoir

Miscelâneas e Tonterias da Jandira: Simone de Beauvoir: "Em 1949, no livro O segundo sexo, disse Simone de Beauvoir :' não se nasce mulher, torna-se mulher'. Neste livro, a proposta é destacar o ..."

Simone de Beauvoir



Em 1949, no livro O segundo sexo, disse Simone de Beauvoir :" não se nasce mulher, torna-se mulher". Neste livro, a proposta é destacar o cultural feminino em detrimento das determinações biológicas. Simone sempre foi (é) uma escritora predisposta à discussão democrática de propostas relativas às mudanças radicais nas bases da existência humana, seja no psíquico, no emocional , no cultural, no social. Nenhuma linha do que escreveu foi recebido com indiferença, uma precursora do feminismo e não confundo com movimento feminista que, na época, teve sua razão de existir.

Essas "conversas de bar" sobre homens e mulheres sempre me pareceram inócuas, presas às convenções culturais e sociais.  É o que classifico como conversa sobre o sexo dos anjos. Digo eu, não se nasce homem, torna-se homem.

As diferenças biológicas são evidentes , indiscutíveis e atraentes. 

sábado, 8 de janeiro de 2011

Marcelo Semer - um artigo sobre preconceito de gênero

Reduzir preconceito de gênero não é tarefa fácil para Dilma



Marcelo Semer

Dia primeiro de janeiro de 2011, o país assistiu a cena até então inédita: uma mulher recebendo a faixa de presidente da República e passando em revista as tropas militares.

Enquanto o Brasil parava para ouvir o discurso de Dilma, parte dos twitteiros que acompanhavam plugados à cerimônia, se deliciava fazendo comentários irônicos e maldosos sobre a primeira vice-dama, Marcela Temer.

Loira, jovem e ex-miss, a esposa de Michel Temer virou imediatamente um trending topic.

Foi chamada de paquita, diminuída a seus atributos físicos e acusada de dar o golpe do baú no marido poderoso e provecto. Tudo baseado na consolidação de um enorme estereótipo: diante da diferença de idade que supera quatro décadas e uma distância descomunal de poder, influência e cultura, só poderia mesmo haver interesses.

Essa é uma pequena mostra do quanto Dilma deve sofrer para romper as barreiras atávicas do preconceito de gênero, ainda impregnadas na sociedade.

Se não fosse justamente pela superação dos estereótipos, aliás, Dilma jamais teria chegado aonde chegou.

Mulher. Divorciada. Guerrilheira. Ex-prisioneira. Quem diria que seria eleita para ser a chefe das Forças Armadas?

Superar estereótipos é o primeiro passo para romper preconceitos.

O exemplo de Lula mostrou, todavia, como sua tarefa não será fácil.

O país aprendeu a conviver com a sapiência de um iletrado retirante, mas os preconceitos regionais e o ódio de classe não se esvaziaram tão facilmente. A avalanche das "mensagens assassinas", twitteiros implorando por um "atirador de elite" na posse, só comprova o resultado alcançado pelo terrorismo eleitoral.

Dilma sabe dos obstáculos a vencer e é por este motivo que iniciou seu discurso enfatizando o caráter histórico do momento que o país vivia, fazendo-se de exemplo para "que todas as mulheres brasileiras sintam o orgulho e a alegria de ser mulher".

Em dois discursos recheados de assertivas e recados, não faltou uma lembrança emocionada a seus companheiros de luta contra a ditadura, que tombaram pelo caminho.

Mais tarde, receberia pessoalmente suas ex-colegas de prisão. Não esqueceu das "adversidades mais extremas infligidas a quem teve a ousadia de enfrentar o arbítrio". Não se arrependeu da luta, justificando-se nas palavras de Guimarães Rosa: a vida sempre nos cobra coragem.

Mas, mulher, adverte Dilma, não é só coragem, é também carinho.

É essa mulher, misto de coragem e carinho, que seu exemplo espera libertar do jugo de uma perene discriminação.

Discriminação que torna desiguais as oportunidades do mercado de trabalho, que funda a ideia de submissão, e que avoluma diariamente vítimas de violência doméstica, encontradas nos registros de agressões corriqueiras e no longo histórico de crimes ditos passionais, movidos na verdade por demonstrações explícitas de poder, orgulho e vaidade masculinas.

Temos um longo caminho pela frente na construção da igualdade de gênero.

Nossos tribunais de justiça são predominantemente masculinos, porque os cargos de juiz foram explícita ou implicitamente interditados às mulheres durante décadas. Houve quem justificasse o fato com as intempéries da menstruação e quem estipulasse que professora era o limite máximo para a vida profissional da mulher.

Nas guerras ou ditaduras, as mulheres além dos suplícios dos derrotados, ainda sofrem com freqüência violências sexuais, que simbolicamente representam a submissão que a vitória militar quer afirmar.

Mulheres são maioria nas visitas semanais de presos. Mas quando elas próprias são encarceradas, as filas nas penitenciárias se esvaziam. Com muito sofrimento e demora, sua luta é para garantir os direitos já conferidos a presos homens.

Sem esquecer as incontáveis mulheres de triplas jornadas, discriminadas pela condição quase servil de dona de casa, que se obrigam a cumular com suas tarefas profissionais e maternas.

Que a posse de Dilma ilumine esse horizonte ainda lúgubre de preconceito, no qual os estereótipos da mulher burra, submissa e instável, predominam na sociedade.

E que, enfim, possamos aprender, com as mulheres, a respeitar sua igualdade e suas diferenças.

Pois, como ensina Boaventura de Sousa Santos, elas, mais do que ninguém podem dizer: "Temos o direito a sermos iguais quando a diferença nos inferioriza. Temos o direito a sermos diferentes quando a igualdade nos descaracteriza".

Façamos, assim, de 2011, um ano mulher.

Marcelo Semer é Juiz de Direito em São Paulo. Foi presidente da Associação Juízes para a Democracia. Coordenador de "Direitos Humanos: essência do Direito do Trabalho" (LTr) e autor de "Crime Impossível" (Malheiros) e do romance "Certas Canções" (7 Letras). Responsável pelo Blog Sem Juízo.