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domingo, 19 de julho de 2009

Amor e Sexo




Usa-se indiscriminadamente a palavra amor. Nos mais diversos idiomas, todos amam. Os filmes americanos são prenhes de I love you. Para qualquer situação I love you. Comete-se a maior injúria, calunia-se, mata-se mas tudo fica resolvido com I love you. E ficam de eu te amo pra cá, eu te amo pra lá. E a expressão passa a ser a chave de todos os perdões. Desta forma, banaliza-se a beleza do dizer – eu te amo.
No Brasil, não se diz tanto eu te amo, mas, como em várias sociedades deste planeta, confunde-se amor e sexo com muita facilidade. Ninguém faz sexo, todos fazem amor. Sabemos que o sexo é um instinto vital. É a busca humana do prazer. Conhecem alguém, sentem atração, a libido desperta, o tesão chega, sentem vontade de dar ou receber e fazem... amor. Fazem o quê?! Amor? Não, simplesmente, praticam o sexo. A atração sexual assume o papel do amor e, na razão e na emoção, estão amando. E, em nome dessa atração, sofrem, riem, choram, casam, descasam, acreditam ser para sempre. Quando tudo desmorona, a libido acaba, a atração, como bala chupada até o final, vai embora deixando na boca apenas um gostinho de saudade, desesperam-se e deixam de acreditar no amor. Essa terceira pessoa é, certamente a primeira – somo nós. Nós confundimos fazer sexo com amor. Essa confusão gera a descrença neste sentimento, nesta emoção, neste prazer tão prestigiados e desejados pelo ser humano de todas as épocas.
O mito do amor eterno nasceu com o conceito do romantismo. A sociedade burguesa, na busca do ideal de perfeição da união entre homens e mulheres, enganou-se quanto ao conceito amor. Esse ideal procurado feriu e fere o âmago do ser humano há, pelo menos, dois séculos.
Hoje, observam-se homens e mulheres, a falarem uns dos outros, através de piadas, de gritos sussurrados de socorro. A procura da solidão é mais acentuada e o medo do dar-se, do abrir-se, do perder-se de si mesmo para se completar no outro, tornou-se discurso obrigatório do ser humano moderno. Prefiro ficar só a ter de sofrer, a ter decepções, a ter de abrir mão de mim mesmo. Vale ressaltar que cristianismo inculcou em nós a culpa de amar. O único amor possível é o amor a Deus, à mãe, ao pai, aos irmãos. O sexo para procriação. Este foi o mal do mito do amor romântico – queremos que ele seja eterno, perfeito. O amor não é eterno, assim como nada na vida o é, nem a própria vida. E assim prosseguimos procurando no outro a nossa complementação e confundindo carência, dependência, falta de amor próprio, desejo sexual, com amor. O medo está permeando essa compreensão de sentimentos, e o maior medo é o da solidão.

Ah, concepção complexa! O amar não é abrir mão de si mesmo. É manter-se fiel a si mesmo e respeitar o outro. É um desprender-se , é um amar-se primeiro e assim poder amar o outro. É bonito de se dizer, de se ler, de se escrever, Difícil pôr em prática.
O amor associado à plenitude da realização no outro abrange o compreender e compartilhar emoções –alegrias e dores. Abrange, também e fundamentalmente, o sexo, este instinto vital que nos eleva quando associado à conscientização plena do amar.
A grande dificuldade está em associar amor e sexo. Não nos entregamos ao amor por medo de perder e sofrer. Praticamos o sexo por necessidade biológica e de auto afirmação. E perdidos ficamos nesta teia da vida, neste emaranhado de emoções.

Sobre vinhos e sobre beijos



Entre beijos e vinhos

A leitura é, antes de tudo, um prazer. Existem várias formas de ler: o ler-crítico, o ler-lazer, o ler-amor. Essas diretrizes determinam o tipo de leitores que somos – felizes ou severos. Nossos olhos não deverão jamais entrar no universo do crítico literário, que é um leitor severo. O crítico literário não lê com o coração, não é afeito à leitura feliz. Cria um vocabulário estatal e disseca o texto como magistrado, a emitir um juízo de valor. Nós, leitores afeitos à leitura feliz, nos desenvolvemos para ler o que nos agrada e aprendemos a estimular o que chamamos de “olhos de ler”. Olhos do coração, do vocabulário, sem trajes de magistrados, os olhos do prazer e de todas as possíveis interpretações e re-invenções.
Graças às forças do Universo, com uma linguagem clara, plena de lirismo nos chegam Sônia Moura e suas poesias publicadas no livro Entre beijos e vinho. Uma escritora perfeita para nós leitores-felizes. Se em seu livro anterior, Doze Mulheres Contam, celebrou o cotidiano do universo feminino narrando e metaforizando os fatos e o tempo através dos meses do ano, celebra agora, poetando, o amor feminino sensual-sexual e afirma “ quero o riso, quero a alegria/ quero o mundo para nós, para o amor e para o tesão”.
O erotismo de Sônia oscila entre o sagrado e o profano. Não se trata de opor, mas de transformar o profano em sagrado. Dessa forma, sacraliza a relação amorosa-sexual entre o homem e a mulher. Para ela, o amor é “ festa insana...com sabores divinos...gula de almas amantes” e “ Nesta orgia santa/ fizemos da cama/ nosso santo altar”.
Num mundo neo-liberal, mecanizado, individualista, esta autora ousa sonhar e afirmar que “ a fantasia não morreu”. Metaligüísticamente, define o seu poetar: “ O meu poema guarda a solidão de uma partida/ Os meus olhos não vêem o que é real/ Recrio nossa realidade no poema e no tema/ Jogo com o consciente e o inconsciente/ Faço um chiste com a minha dor”.
Estes poemas nos dão alento para sonhar e não ter medo do amar. Nos inspiram o respeito pelo nosso corpo, anseios e desejos. Assim, Sônia ordena: “venha para os meus braços/ pouse em nosso ninho/ ouça nossa música, degustando nosso vinho/ venha, amor meu/ venha pleno para os meus carinhos...”
Ao lermos, revemos nossa tentação de sermos poetas, escritores. Tornamo-nos leitores-criadores. Estabelecemos uma imagem poética, secreta, feliz e discreta com o belo texto e encontramos a energia para cumprir a ordem dada pela a autora e nos embalar entre o beijo e o vinho, a bebida sagrada

Não estou 100% de acordo com o Governo Lula, mas ele continua sendo o único que mereceu meu voto. Considero o debate político saudável, mas protesto contra a baixaria lançada contra Lula e a insidiosa campanha promovida pela mídia "de sempre" contra aquela que foi a única candidatura popular à presidência do Brasil. Considero o debate político saudável, mas protesto contra o desrespeito contra Lula e a insidiosa campanha promovida pela mídia "de sempre" contra aquela que ainda foi a única candidatura popular à presidência do Brasil.
No próximo mandato, de qualquer presidente eleito, tenha ele o meu voto ou não, quero uma política econômica mais voltada para o desenvolvimento e menos comprometida com o mercado financeiro; quero o aprofundamento das políticas de base; quero uma reforma política que breque a bandalheira no Congresso Nacional e no Senado.
No governo Lula,vieram à tona as negociatas das nossas instituições. Negociatas realizadas pelos nossos instituidos Não é um fato bom porque nos revela a nossa fragilidade como eleitores. Porém, a democracia se fez plena. O mensalão existe/existia há mais de 40 anos. É uma prática política mundial. Empregar os familiares é mais velho que andar pra frente. O Executivo fez o que tinha de fazer: encaminhou ao Judiciario. A Justiça Federal atuou e atua. Entretanto, a " mídia de sempre" insiste em culpar só a figura do presidente. Como se ainda vivessemos o mito do sebastianismo, esperando o grande rei que viesse realizar milagres que deveriam ser milagrados por nós, eleitores e cidadãos. Quero mais espaço para empreender essas lutas e muitas outras que são de todos e todas que querem participar da construção de um Brasil melhor, mais justo e mais solidário. Assim, compreendo meu voto consciente.

Festas e Calendários

Nunca me senti à vontade com as festas de datas marcadas: Natal, Ano Novo, Páscoa. Há em mim um tédio-cansaço. Reconheço, entretanto, que a energia dessas datas é bastante positiva. A palavra feliz está sempre presente. E o envolvimento acontece. Compramos presentes, bacalhau, peru, uvas brancas, vinhos, chocolates. O tédio está n'alma. Mas, a aparente alegria disfarça-o e vamos procurando a esperança que, bem lá no fundo, persiste. E assim vão passando natais, anos e páscoas.

Um jornalista de Porto Alegre, Wanderley Soares, enviou-me, em 2003, uma mensagem de Natal. Se bem me lembro Lula acabara de ser eleito. Poderia ter sido qualquer outro. Não há conotação política, pelo menos assim entendi. Há o entendimento do humano e do social. Achei-a ótima.

Aqui a transcrevo.

Se eu fosse
Se eu fosse o Lula,
numa MP permanente,
por via conseqüente,
instituiria, por mês,
um Natal candente,
mas sem presente.

Um Natal incondicional
de troca de abraços,
beijos, segredos,
e de confissões mútuas,
de perdão geral, total.

Se eu fosse o Lula
decretaria: janeiro, 25,
projetar sonhos loucos,
sem guerra, sem fome;
fevereiro, 25,
cantar para deus Sol,
mesmo sem saber cantar;
março, 25, cumprimentar vizinhos
carrancudos, mal-amados;
abril, 25, tomar banho de Lua
ouvindo música brasileira;
maio, 25, vestir uma mãe favelada
e rezar uma Ave Maria;
junho, 25, fazer uma fogueira
e dançar uma dança afro;
julho, 25, agasalhar
aos desarmados contra o frio;
agosto, 25, ler um poema
para quem não sabe ler;
setembro, 25, oferecer uma rosa
para uma prostituta pobre;
outubro, 25, abraçar uma árvore,
tomar banho nu, no mar, nos rios;
novembro, 25, tirar uma velhinha,
um velhinho e dançar de rosto colado;
E assim seriam onze Natais
com Cristo presente...
Dezembro, 25, deixar rolar
a alegria dos shoppings,
dos supermercados e dos bancos...
Ah!, se eu fosse o Lula