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terça-feira, 19 de abril de 2011

Matutações

Matuto-me:
1 - por que a mídia insiste em comparar o que acontece no Brasil com o que acontece nos Estados Unidos? É uma orquestração midiática para baixar a nossa estima.
A máxima agora é que o número de obesos está quase igual;
2 - desde sempre ouvi que a valorização do dólar era nociva à economia e agora, segundo os economistas, a desvalorização é nociva também. Ambas são a causa da inflação;
3 - uma conhecida infartou e morreu sozinha em casa. Nunca fumou , não conviveu com fumantes, não bebia, nunca trabalhou fora e não era obesa. Tinha 68 anos, mas parecia ter 55 anos.Só criou os filhos e cuidou da casa. Era "politicamente correta". A ciência não explica fatos imponderáveis. A mídia também não.

sábado, 16 de abril de 2011

Pelo que entendi o Rio Grande do Sul compra 13 pênis

WANDERLEY SOARES

O caso do treze pênis.

Ouvidoria da Fase, ao confirmar que o material será adquirido, apresentou o seu enfoque sobre o valor didático da negociação.

Terça-feira última, dia 12, solitariamente, aqui da minha torre – o restante da mídia considerou o episódio como normal, natural – que por solicitação da Diretoria Sócio-Educativa da Fase (Fundação de Atendimento Sócio-Educativo do RS) ex-Febem, a Central de Compras do Estado abrira licitação para a compra de treze pênis de borracha para aquela instituição, que tem treze unidades de atendimento. Portanto, cada unidade deverá receber, concluída a compra, um pênis para uso exclusivo, por conta do erário. Não nego que, como um humilde marquês, não raro, caio nas armadilhas da ingenuidade que ainda resta em meu espírito. Por isso, incrédulo, busquei confirmar a insólita negociação. E tal confirmação me foi dada, por telefone, pela cordial assessoria de comunicação da Fase. Em assim sendo, abordei o tema sem entrar nos possíveis detalhes da licitação, que entre outras coisas, deveriam compreender, além do preço, cor, dimensões, peso e flexibilidade do artefato. Tudo isso, longe de contrariar os princípios pedagógicos da Fase, pois não tenho credenciais para isso. No entanto, questionei que nesse projeto não tenham sido integradas treze vaginas que completariam o kit para aulas de educação sexual, sem o que será incompleta a orientação para o chamado sexo seguro. Considere-se também que, como os pênis de borracha ou de outros materiais assemelhados, também há vaginas no mercado.

Ouvidoria
Sobre o que chamo de “Operação pênis estatal” recebi, ontem, e-mail da Ouvidoria da Fase que transcrevo na íntegra: “Wander, a compra de material destina-se a auxiliar os profissionais de saúde nas consultas e atividades de grupos voltadas à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, métodos contraceptivos, ações de higiene, autocuidado, paternidade consciente e gravidez na adolescência. Estas ações em saúde são preconizadas pelas políticas de atendimento voltadas a nossa clientela, sobretudo à prevenção de novos casos de paternidade precoce e gravidez na adolescência.”

Ao agradecer o tratamento carinhoso de Wander, com o qual fui contemplado pela Ouvidoria da Fase, e também ao considerar a riqueza de material didático existente na internet e nas mais modestas bibliotecas do planeta sobre o tema, ferramentas que vão muito além dos pênis de borracha que serão patrocinados pelo erário, deixo para os leitores interpretarem esse episódio, mas sempre questionando a ausência das vaginas.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Uma crônica de Wanderley Soares sobre o papel da mídia na cobertura das tragédias.

WANDERLEY SOARES

A matança e o show.

A tragédia de Realengo pode ser fonte de um bestialógico.

A matança ocorrida numa escola municipal, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, cujas vítimas tinham entre 10 e 14 anos, não pode ser analisada de forma apressada, sob pena de se criar um bestialógico em torno de uma tragédia que seguiu o modelo da cabeça bélica de alguns cidadãos dos EUA. Vale discutir o tema, mas dentro dos padrões que regem a segurança das escolas brasileiras e a própria segurança, em geral, dos cidadãos deste país que vive a transversalidade (palavrão da moda) de eventos como a copa do mundo e de uma olimpíada. Nos bancos, para que o dinheiro esteja protegido, ninguém pode entrar na área dos gerentes portando telefones celulares e chaveiros com muitas chaves. Nas escolas, guardinhas que sequer conseguem deter pichadores chegam a ter maiores temores que o próprio corpo docente (a maioria mulheres) das nossas grandes e pequenas escolas.


Neste espaço tenho abordado esse tema repetidas vezes. O medo é uma constante nas escolas brasileiras. Os professores temem, pela educação que hoje existe (ou não existe) nos lares, temem, repito, as repetidas agressões de pais, alunos e ex-alunos. É brutal que somente uma explosão como a que aconteceu no Rio, ontem, possa acordar o poder público. Evidentemente que escrevo estas linhas movido pela indignação natural de quem está assustado, desde há muito, com as tempestades que, diariamente, desabam em salas de aula, onde os princípios civilizatórios, teoricamente, começam a ser ensinados e praticados.

A mídia eletrônica e o show.

Sabemos que é inevitável a influência da cultura estrangeira sobre nós que, não raro, felizmente, nos enriquece. No entanto, tal influência também nos aprisiona em momentos de mediocridade. Temos no país, o Rio Grande resiste como pode, as vestes dos vaqueiros do velho oeste dos EUA, assim como o ridículo dia das bruxas, entre outras coisas. A cultura da violência também nos é transmitida, pela TV, em doses cavalares. Nunca homeopáticas. E o pior de tudo é que isso nos chega em forma de show mostrado, simultaneamente, para pessoas de todas as idades. Confesso, como um humilde marquês, não conseguir visualizar uma solução para isso. A TV não consegue separar a notícia do show. Ontem, a tragédia de Realengo, na TV, foi notícia e show festejando a chegada aqui do modelito dos heróis traumatizados pelas constantes guerras promovidas e mantidas pelos EUA nos fronts e nas escolas.