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domingo, 19 de julho de 2009

Festas e Calendários

Nunca me senti à vontade com as festas de datas marcadas: Natal, Ano Novo, Páscoa. Há em mim um tédio-cansaço. Reconheço, entretanto, que a energia dessas datas é bastante positiva. A palavra feliz está sempre presente. E o envolvimento acontece. Compramos presentes, bacalhau, peru, uvas brancas, vinhos, chocolates. O tédio está n'alma. Mas, a aparente alegria disfarça-o e vamos procurando a esperança que, bem lá no fundo, persiste. E assim vão passando natais, anos e páscoas.

Um jornalista de Porto Alegre, Wanderley Soares, enviou-me, em 2003, uma mensagem de Natal. Se bem me lembro Lula acabara de ser eleito. Poderia ter sido qualquer outro. Não há conotação política, pelo menos assim entendi. Há o entendimento do humano e do social. Achei-a ótima.

Aqui a transcrevo.

Se eu fosse
Se eu fosse o Lula,
numa MP permanente,
por via conseqüente,
instituiria, por mês,
um Natal candente,
mas sem presente.

Um Natal incondicional
de troca de abraços,
beijos, segredos,
e de confissões mútuas,
de perdão geral, total.

Se eu fosse o Lula
decretaria: janeiro, 25,
projetar sonhos loucos,
sem guerra, sem fome;
fevereiro, 25,
cantar para deus Sol,
mesmo sem saber cantar;
março, 25, cumprimentar vizinhos
carrancudos, mal-amados;
abril, 25, tomar banho de Lua
ouvindo música brasileira;
maio, 25, vestir uma mãe favelada
e rezar uma Ave Maria;
junho, 25, fazer uma fogueira
e dançar uma dança afro;
julho, 25, agasalhar
aos desarmados contra o frio;
agosto, 25, ler um poema
para quem não sabe ler;
setembro, 25, oferecer uma rosa
para uma prostituta pobre;
outubro, 25, abraçar uma árvore,
tomar banho nu, no mar, nos rios;
novembro, 25, tirar uma velhinha,
um velhinho e dançar de rosto colado;
E assim seriam onze Natais
com Cristo presente...
Dezembro, 25, deixar rolar
a alegria dos shoppings,
dos supermercados e dos bancos...
Ah!, se eu fosse o Lula

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