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terça-feira, 11 de agosto de 2009

Fascismo ou nazismo?



Até 1970, não se ouvia falar tanto do tráfico de drogas. Eu, pelo menos, não ouvia. Li, recentemente, o livro Carmem de Ruy Castro. Em 1920,30, 40 e 50 a cocaína era vendida nas farmácias. O chique era cheirar cocaína e beber champanhe com éter. Esses eram vícios elitistas, só para ricos. Fumar e beber eram vícios de pobres.


Li, também recentemente, uma entrevista do Eduardo Coutinho ao jornal O Globo. Eduardo foi a Nova York receber prêmios pela sua produção cinematográfica. Ficou profundamente irritado pois é um fumante convicto. Nesta entrevista, ele declara que essa perseguição aos fumantes tem um traço do fascismo.


Surpresa, vejo que em São Paulo, em todo o Estado, foi aprovada a lei que proíbe o fumo em todos os locais fechados e abertos. Nos lugares fechados, eu até, com reservas, concordo. Mais surpresa, ainda, vejo que o Rio de Janeiro pretende seguir os mesmos passos.


Sou obrigada a concordar com Eduardo Coutinho. Isso é puro fascismo, nazismo ou seja que nome se queira dar para tanta proibição.


O cinema americano difundiu o hábito de beber, fumar cigarro, maconha e cheirar cocaína. E agora parte dos Estados Unidos essa campanha contra o cigarro e contra tudo que o cinema propagou. Tudo em nome da saude. Mais, ainda, em nome dos processos milionários que famílias, médicos e advogados impetram contra as empresas produtoras do cigarro.


Todos nós somos dependentes de algo. Há pessoas que são dependentes de pizzas, chocolates, coca-colas, doces, salgados. Comer de mais, comer de menos. Umas são dependentes da palavra não e dizem sempre não suporto isso, não suporto aquilo. Tornam-se escravos do mau humor. Outras são dependentes das conversas sobre mazelas, doenças, dívidas, dores de corno. Tornam-se vítimas da tristeza.

Não acho nenhuma dependência saudável. Conscientemente, sei que “depender” não é um ato voluntário. Nenhum ser humano torna-se um dependente por opção.


O que me assusta é a intransigência da maioria dos não fumantes, principalmente, dos (ex)fumantes. Estes sabem dia, hora, mês, ano quando pararam de fumar. Esquecem o dia, a hora, mês e ano do nascimento dos filhos, do casamento, do primeiro beijo, da primeira transa, do primeiro amor. Mas como não fumam ou pararam, sentem-se mais saudáveis.


Os cheiro do cigarro incomoda, há a alergia. O cheiro da miséria não gera tanto projeto-lei nem causa alergia. Os fumantes pagam impostos para não ver miséria e nem sentir o cheiro.


A fumaça do cigarro cria o fumante passivo. A fumaça produzida por carros queimando óleo não nos torna ferrari, scania vabis ou fusquinha.


A saude só é lembrada, agora, no cigarro. Nos impostos que pagamos, é esquecida por fumantes e não fumantes. O Sr. José Serra instituiu a CPMF - imposto ou taxa a ser destinada à saúde. Foi?


Há uma obsessão pela saúde. Ora não se deve comer ou beber isso, ora se deve comer ou beber aquilo que não se devia. Esta obsessão não deixa de ser uma forma de dependência.

Sou plenamente a favor dos lugares para fumantes e não-fumantes. Não bebo, convivo, porém, com bebantes. É minha escolha. A escolha tem de ser nossa.

Se o cigarro faz mal e mata, tenho certeza que mau humor, chatice, proibições e intolerância também fazem mal e matam mais.

Há programas e remédios que ajudam os fumantes a pararem. Todos caros. Nenhum projeto-lei que torne esses programas e remédios um dever do Estado. Gratuitos jamais serão. São pagos com os nossos impostos.


Pensando bem, nascer também faz mal. Afinal, somos finitos.


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